Qualquer carioca já aprendeu o significado de brunch, aquela refeição típica dos finais de semana, uma mistura entre café da manhã e almoço. A expressão caiu no gosto popular definitivamente. Antes restrito a hotéis de alto padrão, hoje encontramos endereços especializados, que servem cafés especiais, e coquetéis pouco alcoólicos, sanduíches, saladas e uma série de itens com ovos, de segunda a segunda, de manhã até de noite.
Podemos lembrar do Empório Jardim, que lançou a moda há mais de dez anos, com uma proposta de servir um menu cheio de felicidade – brunch é isso. Seus eggs benedict, croques, shakshukas, gourgéres e bolos conquistaram uma legião de fãs, e consequentemente de prêmios como melhor café, lanche – e brunch também (sim, isso virou categoria destacada em prêmios gastronômicos).
Inaugurada no ano passado, a Casa Horto é um complexo com dois restaurantes e uma deli, o Empório 1839, onde é servido um menu típico de brunch. Tem pão com requeijão “na entrada”, como se diz em São Paulo, que tem uma criação dourada protegendo o recheio cremoso, e outros elementos fundamentais no quesito, com um toque de brasilidade: tem crepioca de queijo, tapiocas, croque madame com pão Petrópolis e o egg confit, uma gema de ovo curada com alho, queijo parmiggiano e bacon crocante no sourdough. Lindo.
Nos últimos dois anos, vimos nascer muitos lugares dedicados ao assunto, e alguns outros lançaram menus matinais inspirados em brunch, como é o caso do Café 18 do Forte, com panorama privilegiado de Copacabana, dentro dessa linda propriedade do exército. Há mimosas, espumantes, e uma série de pratos deliciosos para se compartilhar, outra característica do brunch. Prove os ovos mexidos com uma linguiça artesanal mineira, bacon e pão de queijo frito para ver o que é bom. Há waffle, eggs benedict (item obrigatório nessa categoria de lugares) e outras receitas tradicionais de brunch no menu que fica em cartaz pela manhã, como o tuna melt, uma delícia em forma de sanduíche de pasta de atum com queijo, alface e tomate, no sourdough.
O nome por trás do Café 18 do Forte é Edu Araújo, que comanda outras operações de sucesso na cidade, como o Pope, o Chanchada e o Quartinho. Percebendo a tendência, ele abriu, em 2023, o Dainer, em Botafogo, justamente com a proposta de servir brunch todos os dias, durante todo o horário de funcionamento da casa. Ali podemos comer latkes, bolinhos fritos de origem judaica, de batata com cebola, nuggets com mac ‘n cheese (nem é preciso lembrar que brunch é algo muito ligado à cultura dos Estados Unidos) e burgers, além de estrogonofe e schnitzel – esse nomeado em homenagem à centenária Casa Urich, tradicional alemão do Centro do Rio.
Falando em cultura judaica, o chef Pedro Benoliel evoca seus anos de vida em Israel, e suas lembranças familiares, para servir um brunch que tem feito muito sucesso aos sábados. Dá vontade de chamar as pessoas mais queridas da vida para ir até o café que funciona na Aliança Francesa de Botafogo comer o seu cardápio especial. Tem um fígado de frango orgânico salteado com cogumelos que é algo memorável. São pratos pensando para compartilhar. Para quatro, bastam umas dez porções de salmão curadoria com labneh, shakshuka, falafel crocante, schnitzel de frango e croc gveret, uma combinação arrebatadora de pastrami com queijo, ovos e molho tahine.
Também em 2023, assim como o Dainer, o empresário Fernando Kaplan, no Venga, vislumbrou essa situação, e abriu a primeira unidade do So_Lo, ao lado de seu bar de tapas, em Ipanema. Sucesso imediato, com mesas lotadas o dia inteiro. Pudera: a seleção de produtos é de primeira, com alimentos e bebidas orgânicos, muito bem selecionados. O cardápio é bem característico de um lugar especializado em brunches. Já são três unidades, incluindo Copacabana e Leblon – três casos de sucesso de crítica e público.
Referência em sourdough, os pães rústicos de fermentação natural, outro elemento importante na fórmula de um lugar ideal para se apreciar um bom brunch, The Slow Bakery acaba de lançar o seu menu de brunch nos fins de semana.
As irmãs Mascarenhas, do Guimas, também perceberam isso, e acabam de abrir uma nova casa, também na Gávea. No Guimas Brunch & Bar, na Rua Marques de São Vicente, um dos destaques vai para as chamadas “pitas e tostas”, incluindo um cachorro-quente gratinado no forno, com creme de queijo. Também encontramos os “Clássicos B&B”, com eggs benedicts, salmão gravlax, croque monsieur e croque madame, além de drinques característicos, como Bloody Mary e Mimosa.
Com endereços no Leblon e em Ipanema, o Nusa Café é outro local especializado em brunch. São pelo menos quatro versões de beneditinos, pra você ver só: de bacon, salmão, Parma e o “delux”, com brioche na manteiga, sour cream, presunto royale, ovo pochê, espinafre, avocado, granola, e redução de balsâmico.
Uma prova de que o brunch se tornou democrático e atual é o Teva. O restaurante vegano tem um menu adequado a isso, com opções como um elogiado lox de cenoura, bem temperado, um croissant de amêndoas, fofinho e não muito doce, e a já famosa “salsicha”, que surpreende muita gente, porque não parece ser feita só de vegetais, servida com cogumelos, espinafre e batatinhas.
Tá todo mundo juntando breakfast com lunch, porque aqui no Rio o brunch virou um must.