Fui o primeiro cliente do Glória Bistrô, que abriu as portas há cerca de um mês, na Praça Nossa Senhora da Paz, em Ipanema. Cheguei por volta de 11h50, e não havia ninguém ainda esperando a inauguração da casa, que fez alarde nas redes sociais dias antes, com jantares para convidados.
Hoje, não seria o primeiro cliente da casa chegando nesse horário. Na semana passada tinha um almoço ali por perto. Saí do metrô e passei na porta, eram cerca de 11h40. Não contei, mas estimo que havia entre 25 e 30 pessoas esperando o restaurante que conseguiu uma proeza: virou cult logo em seu primeiro dia de funcionamento.
Foi um conceito bem executado de lugar, que entende o público ao redor: gente viajada, que quer comer em um local aprazível, esteticamente falando, e que tenha referências, no visual, no cardápio, nos uniformes da equipe, e no serviço, na carta de bebidas, e no funcionamento, que é característico da Zona Sul do Rio: ininterrupto, do meio-dia à meia-noite (sexta e sábado fecha à uma da madrugada, e no domingo às 23h).
A decoração tem espelhos, móveis com mais de 100 anos garimpados em antiquários por Leonardo Resende, sócio e idealizador, o nome por trás de negócios que tiveram impacto gigante na cultura gastronômica do Rio, como o botequim Informal, e a Picci Trattoria, vizinha ao Glória, do mesmo Grupo Gitan, que até pouco tempo tinha ali o mediterrâneo Oia.
A concepção do menu desse restaurante, que se define como um francês com influências dos imigrantes que formam a identidade desse país, é totalmente simples de entender. Tem um setor dedicado às entradas, dividido entre frias e quentes. Ali encontramos nomes como trio libanês, com três pastas árabes (hommus, babaganuj e coalhada), tartares, e oeuf mayo, um clássico ovo cozido com maionese no local da gema, com coutons. E, na parte “chaud”, abobrinhas fritas, nuggets com quarteto de molhos, sanduíche de pastrami e pizzette de cogumelos trufados.
Os pratos são dez, e algumas guarnições podem ser pedidas à parte, como as fritas da casa, que muito bem podem virar versátil petisco, ou apenas cumprir sua função de acompanhamento em receitas como o pastrami de Black Angus, que é uma das estrelas do menu, servido com um demi-glace untuoso e cheio de colágeno, e um muito cremoso purê de baroa.
Tem peito de pato selado, com interior rosado, com purê de cenoura, e farofa de avelã; T-bone com duas guarnições à escolha, com manteiga noisette; peixe do dia com molho de limão siciliano e manteiga, servido com legumes na brasa; e milanesa com batatas à la crème. Também há massas e risotos, com destaque para o tagliolini verde à la Cipriani, gratinado com grana padano, béchamel e presunto royale; e linguini de camarões ao beurre blanc. Não poderia faltar um risoto de cogumelos trufados.
O cardápio se encerra com quatro sobremesas, com alto potencial de viralização nas redes sociais com as suas finalizações à mesa, caso do mil folhas de banoffee, com indecente calda de doce de leite; e os profiteroles, com sorvete de creme e banho de brigadeiro.
Olhando o menu por inteiro, identificamos uma inspiração francesa muito evidente, mas com pitadas italianas, do Oriente Médio e dos EUA. Faz sentido num bairro globalizado como Ipanema.
Para beber, coquetelaria clássica, e vinhos dos mais variados perfis, com ênfase nos franceses. Não poderia ser diferente. O Glória celebra o que é certeiro.
Endereço: Rua Barão da Torre, 340 - Ipanema, Rio de Janeiro Siga: @gloria_bistro