O inverno não começou ainda, oficialmente, mas nos últimos dias o frio já chegou com força ao Rio de Janeiro. As temperaturas mais baixas nos convidam a escolher pratos mais robustos e encorpados, que ajudam a aquecer e a dar energia. Ou sono, para os que podem.
Às sextas, vale saber, tem caldinho de mocotó no Bar da Portuguesa, em Ramos: uma cumbuca repleta de aconchego e afeto.
É tempo de pedir o angu à baiana do Bar da Amendoeira, em Maria da Graça. E o arroz de cabrito do Rancho Português.
Sob encomendado, podemos pedir ao chef Marcelo Barcellos, do Barsa, no Cadeg, para preparar o seu famoso coelho ao bourguignon, cozido no vinho, com bacon e cogumelos. Perto dali, aos domingos, no Adonis, tem cozido à brasileira, prato que costuma a acabar cedo: antes de chegar a grande travessa com carnes e vegetais, além de ovos, o cliente recebe uma xícara grande com o caldo. Nas próximas semanas teremos matérias para lá de saborosas, e encorpadas por aqui. Tem o Festival de Inverno no Cadeg – o Mercado Municipal do Rio de Janeiro.
Faremos listas de fondues e de lámens. E de feijoadas. Podem mandar sugestões em nosso Instagram: @cidadedeliciosa – o perfil de gastronomia do Visit Rio. Segue lá. Deixem suas dicas: onde encontramos as melhores feijoadas do Rio? E fondues? Lámens e sopas? Queremos saber.
Um dos pratos mais famosos da temporada, figurinha fácil em fotos e vídeos em dezenas de perfis no Instagram nas últimas semanas: é o pastrami do Glória Bistrô, que abriu as portas recentemente em Ipanema, causando burburinho. É feito da casa, em longo processo, que dura quase uma semana: são cinco dias de marinada na salmoura, mais duas horas de defumação, antes da finalização, no forno, por mais duas horas. Para deixar ainda mais exuberante a carne é servida com um denso e intenso molho roti. É de levantar defunto.
Nem só de terra vive esse menu de receitas revigorantes que tão bem caem nesse período: no Escama um dos destaques do cardápio marinho que é a especialidade da cozinha temos a canja do mar, uma delícia em forma de bisque de lagostim, com lagostins grelhados na brasa, ovo pochê, milho braseado, edamame e arroz pérola, para a gente tomar gemendo com uma bela fatia de pão de fermentação natural.
Já a La Carioca Cevicheria, com unidades no Jardim Botânico, em Copacabana e no Leblon, num agradável quiosque, acaba de lançar um menu de caldos – peruanos são apaixonados por sopas. São quatro receitas típicas do país: parihuela (sopa de frutos do mar, com polvo, lula e camarão, com leite de coco); chupe de camarones (sopa de camarão com molho peruano, com base de leite de coco levemente picante, e ovo pochê); minestrone (sopa de mignon com legumes e molho demi-glacê); e creme de baroa, com cogumelos, aji amarillo e alho poró. Todos acompanhados de pães de fermentação natural.
Quer que eu conte um segredo? No restaurante do clube Casa da Espanha, no Humaitá, encontramos, faça chuva ou faça sol, faça frio ou calor, os calos à la galega, uma grande caldeirada de dobradinha com chorizo.
Quando pensamos em refeições substanciosas e fartas, uma das principais referências da cidade é o Lanches Escol, na Avenida Princesa Isabel, em Copacabana. Seu cardápio lista uma série de pratos fortes: tem rabada, mocotó, dobradinha e a boa e velha feijoada. Um à la carte com um quê de rodízio: você pode ir pedindo mais um pouco das guarnições.
Nos italianos aumentam as vendas do ossobuco em lugares como o D’Amici e o Da Brambini, ambas trattorias no Leme, especialistas no assunto, como como os clássicos e classudos Gero, em Ipanema, e Casa Tua, na Barra. Mangia que te fa bene.
Os portugueses, que formam a base da cultura gastronômica do Rio, são especialistas no assunto, e atuam em várias vertentes. Herdeiros do Antiquarius, o EA, em Botafogo, e os Gajos d’Ouro, em Ipanema, servem um prato desses que fazem parte da história do Rio. Trata-se do cordeiro assado, servido com o arroz úmido, preparado nos ricos sucos do cozimento da carne.
Na Quinta da Henriqueta a gente pode pedir uma alcatra. É assim que chamamos as caldeiradas nesta casa portuguesa do Jardim Botânico. Tem alcatra de polvo, e de carne. Elas são feitas por até três horas em panelas de carro, que chegam ao salão fumegantes e perfumadas, com tempero marcado pelo toucinho defumado e o vinho.
Na Mercearia da Praça, e também na Tasca da Mercearia, do mesmo grupo, uma das melhores pedidas desde que foi lançado, há cerca de seis meses, é o cordeiro à moda da Foda – numa referência a uma famosa feira gastronômica no Norte de Portugal.
Nas casas japonesas é hora de pedirmos os lámens mais generosos, com seus caldos cheios de especiarias e sabores, suas pimentas e cogumelos. A fondue se espalha pela cidade, em cardápios sazonais, em diversos formatos. No Herr Pfeffer, no Leblon, o delicioso mix de mini linguiças da casa é servido junto da panelinha com queijos derretidos em vinho branco – a batata rosti é opcional, mas obrigatória, digamos assim. Deu até fome.