No dia 26 de abril de 2012, durante as comemorações dos 50 anos do Cadeg, em Benfica, o prefeito Eduardo Paes assinou um decreto que reconheceu, oficialmente, o Cadeg como o Mercado Municipal do Rio de Janeiro. Foi uma reparação histórica. Isso porque o Centro de Abastecimento do Estado da Guanabara nasceu como resultado da demolição do antigo Mercado da Praça 15, no Centro, às margens da Baía da Guanabara. Sem ter para onde ir, muitos dos comerciantes do local se uniram para criar o espaço.

Teve gente que foi andando, da Praça 15 até Benfica, levando as mercadorias naqueles carrinhos de carga chamados burrinho sem rabo – diz André Luis Lobo, diretor social do Cadeg.

A ideia era criar um centro comercial moderno e bem organizado para o comércio de frutas, pescados, legumes, verduras e flores. O projeto arquitetônico, urbanístico e estrutural foi grandioso para a época, muito avançado, moderno. Até os dias de hoje é um dos maiores mercados do mundo, com seus pavilhões amplos, com muito boa ventilação, e acesso facilitado para veículos, incluindo caminhões. O foco sempre foi o abastecimento da cidade, tanto para bares e restaurantes quanto para as residências – mas a quantidade de lojas que atendem ao público final cresceu muito ultimamente.

Inaugurado no dia 5 de março de 1962, o Cadeg completou 60 anos em 2022 na sua melhor forma. Já consolidado como polo gastronômico e importante equipamento turístico, apostou em energia renovável com a instalação de painéis solares e outras iniciativas sustentáveis, como a produção de adubo orgânico. No embalo das comemorações das seis décadas, e tendo Eduardo Paes novamente como prefeito, foi lançado um livro, contando a história do lugar.

“O tempo confirmou a assertividade da decisão. O Cadeg, com as centenas de estabelecimentos que congrega, se firma cada vez mais como polo turístico e irradiador do desenvolvimento de Benfica e dos bairros que o circundam. É um local que preserva suas tradições e características de um mercado com raízes tipicamente cariocas”, escreveu o prefeito, na publicação.

Um marco da nova fase do Cadeg foi uma reportagem de capa do suplemento Rio Show, em meados dos anos 2000, que apresentava aos cariocas a pitoresca festa portuguesa que acontece no Cantinho das Concertinas, com muita música regional do norte de Portugal, regado a cerveja, Vinho Verde, sardinhas e lombos de bacalhau na brasa.

Foi a partir daí que o Cadeg se tornou importante referência na gastronomia carioca, com a inauguração de novos bares e restaurantes. Assim, também entrou na programação cultural da cidade, atraindo moradores de toda a cidade, além de turistas, brasileiros e estrangeiros.

Em abril desse ano a Câmara dos Vereadores reconheceu a importância do local, transformando através de projeto de lei o bolinho de bacalhau do Cadeg em Patrimônio Cultural Imaterial do Rio de Janeiro. Foi uma forma, ainda, de prestigiar a influência portuguesa na cultura gastronômica carioca. Além de histórico, é algo delicioso, que representa muito bem os sabores do Rio, essa cidade deliciosa.