Foi mágico voltar ao salão do restaurante Signatures, um lugar onde antes eu já havia entrado, mas na condição de aluna. Sim, o espaço também é sala de aula, e laboratório, para os estudantes de gastronomia que cursam Le Cordon Bleu, a mais tradicional escola do mundo nessa matéria. Nessa nova visita eu também tinha nova função: repórter de gastronomia do Visit Rio.

Fui convidada para um almoço nesse local muito tradicional, e que conheço bem, logo em minha primeira semana de trabalho. O assunto era o Beef Wellington, que ali deve ser encomendado com antecedência. Meu editor estava fazendo uma reportagem sobre esse assunto e dei a sorte de dividir essa refeição com ele, para conversamos sobre o mundo da gastronomia, e como colocar isso no papel.

O Signatures é um restaurante sofisticado, com detalhes impecáveis: toalhas brancas, taças de cristal, talheres e pratos perfeitamente posicionados. Tudo como manda a etiqueta — não à toa, aprendemos tudo isso nas aulas de serviço.

Um típico restaurante francês: elegante, mas acolhedor, com atendimento excelente e atencioso.

Assim que nos sentamos, fomos recebidos com taças de espumante, e logo trouxeram à mesa o bife Wellington ainda cru, apenas montado, para que víssemos de perto o cuidado no preparo e a técnica envolvida. Uma apresentação que já impressionava.

Enquanto a estrela do almoço voltava para a cozinha para dourar por quase uma hora no forno combinado, começamos o almoço pelo couvert: pães artesanais feitos na própria escola, incluindo o brioche, que sempre foi um dos meus preferidos nas aulas de boulangerie. Uma delícia que, de cara, já alimentou minha memória afetiva.

Pedimos, ainda, escargots à la Bourgogne, com direito ao lendário e cinematográfico talher apropriado para os caracóis; e um steak tartare com chips, ambos perfeitamente bem preparados.

Entre boas conversas à mesa, tivemos tempo de sobra para o Wellington ganhar um bronzeado. Logo, o maître retorna, com o assado preparado:

– Agora, ele vai descansar 20 minutos – avisou. – Para manter a suculência – completou.

Naquela altura já exalava um aroma incrível e ia aumentando ainda mais as expectativas.

O generoso bife Wellington, e é realmente uma preparação muito farta, serve de 4 a 6 pessoas, e é preciso, bom reforçar, encomendar o prato, com pelo menos 48 horas, e determinar a quantidade de comensais, porque o preço do prato é por pessoa. É uma ótima pedida para comemorações entre amigos ou em família.

As guarnições trazem texturas ao prato sem roubar a cena: mil-folhas de batata, aspargos e cogumelos salteados, com um molho rôti trufado bem sutil. O chef veio à mesa para servir, cortando nossas fatias enquanto fala do prato. Ele contou detalhes do preparo desse clássico da culinária britânica, que tem raízes francesas, como se sabe. Nesse lugar que representa a tradição gastronômica, com DNA gaulês mas totalmente internacional, provei um Beef Wellington perfeito, pelas mãos de um chef marroquino talentoso, Mbark Guerfi.

A carne estava no ponto exato: macia, suculenta, envolta por uma massa dourada e crocante. Uma execução impecável, que refletia o cuidado da equipe e a tradição da escola.

De sobremesa, um clássico: a receita que mais repeti em aula, inclusive em uma das que tive ali mesmo, no salão do restaurante. Crepe Suzette, preparado e flambado no carrinho, junto à mesa, agora servido com uma bola de sorvete de cumaru, que trouxe um toque aromático e bem brasileiro — e conseguiu deixar tudo ainda mais incrível.

Foi um almoço de estreia: a minha estreia em uma nova carreira, em uma nova fase da vida. Mas que, de alguma forma, me levou de volta até onde tudo começou. E onde tudo aprendi.

Desta vez, não mais como aluna, mas como debutante no jornalismo. Agora, escrevendo sobre gastronomia para o Visit Rio. Com novos sabores, novos desafios e o mesmo amor pela gastronomia, por essa Cidade Deliciosa… e pelo Beef Wellington.

Serviço – Signatures by Le Cordon Bleu
Onde: Rua da Passagem, 179 - Botafogo, Rio de Janeiro
Siga: https://www.instagram.com/signatures_rj/