Se você for ao CADEG na quinta-feira, às 01h da manhã, vai se deparar com uma cena inusitada: dezenas de organizadores de eventos e donos de floriculturas encostados nas portas do mercado de flores do CADEG esperando o espaço, que funciona a partir de 02h, abrir as suas portas.
É porque quinta é o dia nacional de comprar flores na cidade. É quando elas chegam, com recém-colhidas, com cores vivas e lindas, para abrilhantar os eventos do final de semana. É o dia do rush do mercado, que também recebe bastante movimento na sexta e alguma coisa no sábado, mas que realmente brilha no domingo.
O clima é de disputa pelas melhores flores, que chegam aos montes nos caminhões durante toda a madrugada. E quem trabalha no ramo já sabe, é preciso chegar antes dos portões abrirem para poder escolher com calma entre as mais disputadas.
Isso acontece porque alí, bem na zona norte do Rio de Janeiro, funciona o maior entreposto comercial de flores da cidade.
E a história do mercado de flores não é de hoje. Foi na década de 70 que o espaço começou a surgir.
Na época, funcionava no Campo de São Cristóvão um comércio de flores realizado por vendedores egressos da Rua dos Inválidos, no Centro do Rio. O espaço, no entanto, não tinha segurança para os floristas e nem fornecia as condições adequadas para armazenar as flores.
Foi então que os floristas, liderados pelos irmãos Virgílio e José de Souza Barbosa, se articularam com a diretoria do Cadeg, para realizarem suas vendas no espaço sem uso da área de carga e descarga de caminhões. Nesta época, o comércio das flores estava fortemente associado aos japoneses, tais como Motomu Watanabe, um dos pioneiros a se estabelecer no espaço de Benfica.
A floricultura fluminense começou a ter notoriedade em meados da década de 1960, quando produtores perceberam oportunidades para exportação. Nos municípios de Sumidouro, Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo, os floricultores se organizaram para buscar incentivos e apoio técnico a fim de um melhor aproveitamento do mercado interno. Com eles, produtores de Barbacena (MG) e São Paulo intensificaram o perfume e o colorido do Grande Rio e da Guanabara com palmas, copos-de-leite, hortênsias, cravos, orquídeas e rosas.
Por isso, nessa época, diversos espaços já funcionam na cidade como comércio de flores, mas foi com a ida para o CADEG que o negócio explodiu. Funcionando 24 horas por dia, sete dias por semana, o espaço garantia segurança para os floristas e suas mercadorias, além de um local limpo. O Cadeg oficializou o comércio de flores a partir de 1974 e tornou-se, em pouco tempo, o maior polo comercial florista do estado do Rio de Janeiro.